PHN e a força da juventude do Janga

Aconteceu neste domingo, dia 25, o PHN realizado pela juventude do Janga, na quadra do Conjunto Praia do Janga, Paulista-PE.

Apresentação de bandas
Um dia todo com a gincana EJC e animados pelas bandas CristoMania e São Francisco. Duas bandas não se apresentaram  a Banda Archangellus, por causa do seu vocalista, João Santos, estar muito afônico, embora estivesse no local prestigiando o evento e a Banda Semente Yeshua, cujo o motivo desconheço.




Testemunhos
Tivemos o emocionante testemunho de Lucas, muito indicado para a nossa juventude atual. Foi também um bom momento de rever toda uma galera legal que tem nos grupos Jesus Nosso Rei e Shalom.

Acredito que devemos fazer mais e mais eventos direcionados a juventude e da forma como eles gostam, com alegria, unção e responsabilidade.


Banda São Francisco
Que este seja o primeiro de muitos que virão por ai e que possam levar cada vez mais jovens para o encontro íntimo com Jesus Cristo e Nossa Senhora.

Parabéns aos organizadores do PHN CPJ! Deus abençoe a todos!

Canta PE no PHN (Assis, Ana, João e Paulo)

Canta PE presente no Congresso das Artes RCC-Recife


Os artistas pernambucanos Banda Archangellus, Banda Hallel e Paulo Deérre fizeram um pocket show no Congresso das Artes da RCC-Recife. A alegria tomou conta da juventude presente animada pelos ritmos que foram do rock ao samba.


Este congresso foi uma bela iniciativa da RCC que motivou não só a música, mas todas as expressões artísticas em nosso estado. A animação do encontro ficou por conta do Ministério das Artes Diocesano e a pregação ficou com Hamiltom (Comunidade Boa Nova). 


A Missa e Adoração foi celebarada pelo Padre Gimesson, assessor da juventude da Arquidiocese de Olinda e Recife.



Nós, do Canta PE, agradecemos a coordenadora da  RCC-Recife, Graça Amorim e ao Coordenador de Artes, Klélio Nascimento, pela oportunidade e carinho com os nossos representantes da música católica.

Hamiltom (Boa Nova)
Felipe, Paulo, Wênia, João e Getúlio (Canta PE)

Klélio Nascimento

Padre Gimesson

O Conceito de compositor

Aquele a quem Deus dá o talento para unir palavras e melodias e, na estética da canção, transformá-las em recursos da pedagogia, tem uma missão muito especial. Ele é pregador, catequista, e, se preciso, agitador social; é místico, mas é sempre um colaborador de todos os irmãos cuja missão é anunciar o Evangelho.

O compositor cristão tem, portanto, a tarefa de oferecer subsídios literários e musicais a todos os pregadores a fim de melhorar o culto, dar vida às celebrações e a todas as outras manifestações da Igreja: procissões, catequeses, encontros, programações de rádio e de televisão.

O compositor religioso é, também, alguém que oferece subsídios para que suas igrejas possam evangelizar melhor. Mas ele é apenas o que é: um compositor religioso. Não pode se deixar endeusar e não pode se considerar mais pregador do que os outros. Se seu canto der certo, certamente vai aparecer. Ao se destacar por causa de suas canções poderá receber tributos especiais e até um tipo de veneração, mas cabe a ele saber se colocar no seu devido lugar com sua profecia. Ele é apenas alguém que oferece subsídio. Se o holofote o cegar, corre um grande risco de aparecer mais do que a Igreja e o Senhor Jesus, por mais que diga que não quer aquilo.

Que ele nunca se esqueça que está a serviço dos párocos, dos pregadores e de todos aqueles que anunciam a palavra de Deus naquela igreja local.

A partir do momento que a fama lhe subir à cabeça e ele achar que, por saber juntar palavra e música, é mais leigo ou padre do que os outros, entendeu mal a sua missão. O compositor religioso é um oferecedor de subsídios, um catequista diferente, mas nem por isso é mais do que quem quer que seja.

Num país que endeusa quem faz música e quem faz arte é preciso tomar cuidado para que o compositor religioso não siga a mesma trilha. Uma coisa é ficar famoso e conhecido por causa de algumas canções ou um jeito de catar a fé; outra coisa é aceitar os mesmos papéis dos astros, tipo Xuxa, Frank Sinatra, Elvis Presley ou Michael Jackson. Falo aos jovens de agora e aos seminaristas que já dizem que, se forem padres, querem ser famosos. Todo compositor tome esse cuidado, de ser simples dentro e fora do palco, dentro e fora de sua música. Cantar sobre Deus e para Deus requer outro tipo de atitude. Se a canção nos impedir de nos misturarmos ao povo, tornou-se maior do que deveria, em nós e na Igreja! Acho que depois de 36 anos posso dizer isso. Nunca abri mão dessa liberdade. Posso estar errado, mas estou falando do que vivi e vivo. Que os holofotes não nos separem da platéia...












Pe. Zezinho, scj (pezscj@uol.com.br)
www.padrezezinhoscj.com - Taubaté-SP

Festival Acorda pra Vida 2011


Estão abertas as inscrições para o Festival Acorda pra Vida 2011! 


Este evento acontecerá em Olinda no mês de novembro, com data e local ainda a confirmar.


Inscreva-se gratuitamente acessando a página do facebook http://www.facebook.com/acordapravida, clicando em curtir e depois envie os dados da banda/artista e contato para o e-mail acordapravidadr@gmail.com. A organização irá entrar em contato para passar os detalhes da apresentação.

Em breve estaremos divulgando mais informações, mas você já pode ir se inscrevendo!

Isso é Canta PE! Isso é Pernambuco numa só voz!

Dúvidas entrar em contato pelos fones (81) 8747-1085/9847-7820/9426-8820.




Banda Hallel: MPB cristão da melhor qualidade.

Ontem o show de lançamento da Banda Hallel foi uma graça só!

Banda Archangellus
A Banda Archangellus, que abriu o evento, mostrou pra que veio com o som vibrante do rock católico de qualidade. Ao ouvi-los pude sentir que a juventude não precisa mudar seu gosto musical para escutar uma música sadia e que leve ao bem maior, Jesus. 

Hoje temos bandas de rock muito boas além desta, como Dialétika (Amaraji-PE), a novíssima O Templo (Recife-PE) e o retorno da Banda DR (Olinda-PE). Devemos valorizar estes trabalhos, que não são fáceis de fazer pela grande resistência e preconceito com o rock, pois através deles vamos chamar mais jovens pro Reino de Deus.

Banda Hallel
Agora, o show da Banda Hallel foi uma bela demonstração de talento, qualidade e fé. A ideia genial de ligar o sagrado à MPB deu um sangue novo ao cenário musical católico pernambucano. 

Quem esteve no show pôde curtir e ser tocado pelas canções cristãs já consagradas e inéditas, embaladas pela mistura do samba, bossa e funk. Uma ideia abençoada desse grupo que veio pra ficar.

O que mais me impressiona nestes dois trabalhos é a coragem de ir além de suas possibilidades e a determinação em fazer a diferença no meio musical, sem perder as nossas raízes. Isso muito me alegra e me motiva a ousar cada vez mais.

Amo demais fazer parte dessa novidade em nossa música católica e, saber que é de nossa terra, me deixa ainda mais “orgulhoso” de ser pernambucano.

Paulo Deérre e Fabiana Paula
Amei conhecer pessoalmente a Fabiana Paula, cantora talentosa e pernambucana. É bom saber que somos abençoados por Deus com tantos talentos e ver que estamos abandonando as individualidades para tornarmos mais fraternos uns com os outros.

Penso eu que o Espírito Santo está nos preparando para uma nova estação na música católica pernambucana. O que nós cantores, músicos, técnicos e todo pessoal envolvido na música devem fazer é juntar-se, valorizar-se e divulgar-se mutuamente.

Precisamos intensificar mais eventos deste tipo e não ter medo de ousar, pois nosso Deus é o Deus do impossível. Quem ganha com tudo isso? 

A música católica e o Reino de Deus.


Paulo Deérre e Banda Hallel

Parabéns a Banda Hallel e a Banda Archangellus pela ousadia e determinação em levar a Palavra de Deus, com talento e qualidade, ao mundo tão conturbado e infeliz.

Paz, música e bem a todos!

Projeto leva concertos de música clássica a igrejas do Centro do Recife



As apresentações acontecem na terceira quarta-feira de cada mês até novembro, sempre ao meio-dia

Oferecer música clássica na hora do almoço: este é o objetivo do projeto “Concerto nas Igrejas do Recife ao meio-dia”. Durante os meses de agosto, setembro, outubro e novembro, o projeto acontece sempre na terceira quarta-feira de cada mês em igrejas seculares situadas no Centro do Recife.

Os concertos acontecem não apenas na Ordem Terceira do Carmo, mas também na Matriz da Boa Vista e nas igrejas da Madre de Deus e Nossa Senhora do Livramento. As apresentações são enriquecidas com informações sobre o contexto arquitetônico e histórico da igreja onde ocorre o evento e dados sobre o tema musical que é objeto do concerto. A intenção é, dessa forma, ampliar o nível de conhecimento da população e contribuir para um momento de lazer com qualidade.

Além do Duo Harmônica e Piano, a programação do projeto conta ainda com apresentação dos grupos musicais Quarteto Romançal, Tritonis e Opus 2. A iniciativa é da Associação Centro Vivo Recife (ACVR) e os concertos foram aprovados pelo Sistema de Incentivo à Cultura da Prefeitura da Cidade do Recife.

A Igreja Santíssimo Sacramento, na Boa Vista, recebe na próxima quarta-feira, 21, a apresentação do Concerto com oQuarteto Romançal, a partir das 12h30, com entrada franca.

Concerto nas Igrejas do Recife ao meio-dia
Local: Igreja Santíssimo SacramentoPraça Maciel Pinheiro, s/n – Boa Vista
Dia: 21 de setembro
Horário: 12h30


Fonte: PE360graus


Formação com Pe Zezinho: Conceitos Musicais.

O CONCEITO DE CANÇÃO

A primeira coisa que deveríamos estabelecer, ao conversar sobre música e canção religiosa na Igreja é o conceito de canção. Quem junta palavras, ritmos e melodias e as harmoniza numa mensagem que ajude o ouvinte a pensar, sentir e expressar-se, fez uma canção. Quem a canta, também. Cantar é uma excelente forma de comunicação humana. Na Bíblia, a palavra canção é utilizada também para poemas, dos quais, ou se perdeu a memória musical, ou, para os quais, nunca houve uma melodia. Um dos clássicos é o sempre citado Cântico dos Cânticos. Longo e belíssimo é um poema ao qual o autor chama de Cântico. A idéia era a de registrar a maior de todas as canções; a mais excelente canção que já se cantou; o amor de um homem e uma mulher em todas as dimensões. Na Bíblia muitos poemas são considerados hinos e canções; e nós, ao lermos estes textos, nem sequer imaginamos a melodia que possam ter tido. Canção, em termos Bíblicos, tanto pode ser um poema, um trecho poético, um hino, como pode ser uma melodia. O cristão quando fala de canção, está falando de uma literatura bem cuidada e especial, que proclama a beleza da fé, e de maneira bonita, poética, bem elaborada, celebra esta fé.

O CONCEITO DE CANTOR

Toda pessoa que canta uma canção pode ser considerada cantora, mas a palavra cantor ou cantora é atribuída à pessoa que se ocupa muito mais tempo com a canção; seja o amador, que canta muito, mas por diletantismo e sem nenhuma remuneração, ou o profissional que canta e é remunerado por cantar. Existe a profissão do cantor, que em todos os povos têm uma preeminência social muito grande. O cantor tem uma função de pedagogo, de animador e incentivador do povo, de profeta da alegria, da festa, da dança, mas também de profeta da dor, dos sentimentos, das esperanças e da mágoa de um povo. Se for preciso faz-se bardo, trovador, cantor de ruas e de estradas, bobo da corte. Mas, ao cantar, quer mexer com as pessoas. Nenhum cantor canta um canto indiferente. Ele transforma em canções a vida e o cotidiano do povo e, suas canções servem como discurso político, religioso, ou social. Por isso, todas as vezes que nos referimos aos cantores estamos falando de cidadãos que, através da harmonia entre a palavra e a canção, motivam o povo. A missão do cantor que se leva a sério é uma das missões mais importantes do ser humano. A canção pode não ser a coisa mais importante numa vida, mas as canções de um povo têm um significado social muito profundo. Ninguém deveria cantar por cantar: trata-se de uma missão social, política e espiritual. De certa forma, todo cantor de músicas profanas ou religiosas é um missionário. Paul Anka com o seu My Way, Chico Buarque com o seu A Banda, John Denver com Perhaps Love e tantos outros cantores como Milton Nascimento e Roberto Carlos com suas canções que elevam o ser humano fizeram um excelente trabalho missionário. Mostraram um dos lados densos da vida. São e foram profetas. Somos cantores como os outros mas não cantamos como qualquer outro. Cremos que Deus nos ouve quando cantamos. Um dos nossos ouvintes é o criador do Universo. E isso explica porque os cantores religiosos gostam tanto dos cantos de louvor e de súplica!

O CONCEITO DE CANÇÃO RELIGIOSA

Existem bilhões de canções. Todos os anos são gravados, no mundo inteiro, milhares de CDs ou fitas e milhões de canções. As pessoas, através destas canções expressam sua criatividade, seus sentimentos, seu desejo de comunicar alguma coisa. Nem todo mundo que canta tem qualificação para cantar ou pode ser chamado de cantor; mas a maioria das pessoas que cantam merecem respeito pela sua boa vontade de traduzir em canção um sentimento próprio, ou um sentimento dos outros. A canção religiosa situa-se no campo do anúncio e da evangelização. É impossível imaginar alguém cantando uma canção religiosa por qualquer outra razão que não seja o anúncio do Evangelho e o serviço aos irmãos.

Seja penitencial, de súplica, de ação de graças, de louvor, de intercessão ou de mensagem social, política, ou religiosa, qualquer que seja o gênero, a canção se presta como instrumento de evangelização. Só se pode falar em canção religiosa quando ela celebra o cotidiano das pessoas, a vida de todos e coloca num contexto de anúncio, se preciso de denúncia, mas certamente de serviço à causa do Evangelho.

Não tem que ser sacra, não tem que ser litúrgica, não tem que ser de mensagem; pode ser todos os três ao mesmo tempo, e pode ser apenas de mensagem, apenas sacra, apenas litúrgica. Desde que ajude alguém a refletir sobre a fé ou a anunciar a fé, ela se torna uma canção religiosa.

Onde vai ser aplicada, já são outros quinhentos, porque nem toda canção religiosa pode ser cantada numa missa e nem em qualquer palco; há lugares onde não se deve cantar uma canção religiosa. - Não jogueis vossas pérolas aos porcos, disse Jesus. (Mt 7,6) Ele estava falando de pregar do jeito certo e nos lugares certos.

O CONCEITO DE CANTOR RELIGIOSO

Cantor religioso é todo aquele que se sentiu chamado a anunciar Jesus através da arte da canção. Não é que ele só faça isso na vida; a maioria dos cantores religiosos também prega, também celebra, também escreve, também faz rádio ou jornal, ou revista ou televisão e, pelo menos noventa e oito por cento de seu tempo, conversa e fala; mas existe um momento especial no qual estes cristãos atuam como cantores.

Naquele momento, quem canta exerce sua profecia peculiar, anunciando a graça de Deus e a palavra de Deus em canções. É um ministério maravilhoso e não pode ser açambarcante nem totalizador na vida de ninguém. Nenhum cristão deve viver apenas para cantar, mas se for chamado a cantar, deve fazer de sua canção um subsídio precioso à sua pregação religiosa.

Todo cantor religioso, em primeiro lugar tem que ser religioso; em segundo lugar tem que ser missionário e, no caso dos cristãos, tem que ser um cristão que serve, que prega, que celebra e que, quando solicitado, canta. A canção não pode ser a principal coisa na vida nem mesmo do cantor religioso: se viver para a canção estará vivendo errado. Há coisas mais importantes na vida de um cristão do que apenas cantar.

Deus existe, compôs e continua compondo a sinfonia do universo. O Criador é compositor e cantor. Andamos em boa companhia!

Pe. Zezinho, scj (pezscj@uol.com.br)
www.padrezezinhoscj.com - Taubaté-SP

Congresso Diocesano das Artes 2011

De 23 à 25 de Setembro
Local: Colégio Maria Auxiliadora - Rua Joaquim Nabuco, 237 - Graças. Derby
Ao lado do HEMOPE, em frente ao hospital Santa Joana
Valor: R$ 5,00 + 1Kg de Alimento 
Tema: "Artistas da Eternidade, Reconstruídos pelo Amor do Pai"
Pregador: Hamilton Apolônio (Comudade Boa Nova)


Programação:
Dia 23: Celebração as 19:00 (Pe Edvânio)
Dia 24 e 25: 08:00h as 17:00h
Celebração no domingo com Pe. Gimesson


Workshops
Voz                            (Valência Marinho - Fonoaudióloga, Prof. de Voz da FUNESO)
Percussão                (D'Ávila)
Cordas                       (Vandeilton)
Dança e Teatro      (Beth - Comunidade Obra de Maria)
Coordenadores de Grupo ( Marcos - coordenador geral do Setor L)

Sábado dia 24/09 Show do projeto Canta PE.
 
Obs: Para quem vier de um local distante, haverá um ônibus que levará do Colégio onde será feito o alojamento em Camaragibe, até o local do encontro, sem custo Adicional
Tragam "Colchonetes" e alimentação.

Klelio Nascimento
(Arquidiocese de Olinda e Recife)
           (81) 8659.5822


Arquidiocese lança 5ª Caminhada Sim à Vida


A vida é um direito e como tal deve ser respeitada. Independente de quantos anos tenha o ser ou se começou a ser formado neste instante. Garantir esse bem é a finalidade da ‘5ª Caminhada Arquidiocesana Sim à Vida’ lançada na terça-feira, 6, no Colégio São José, no bairro da Boa Vista, centro do Recife.

A noite teve início com a apresentação do projeto ‘Sim à Vida’. O presidente da Comissão Arquidiocesana de Pastoral para a Vida e a Família, padre Adriano Chagas, ressaltou a necessidade de lutar pela garantia da vida plena. “Diante de tanto ataques que a vida vem sofrendo, é nossa missão reafirmar sua importância inalienável e inegociável. Ele é o fundamento sobre o qual se apóiam todos os demais valores”, disse.

Um lançamento rico em dados e explicações científicas e em experiências humanísticas de quem venceu a cultura da morte. O médico e diretor do Hospital Esperança, Carlos Antunes Brito e sua esposa, a pediatra Rita Brito, apresentaram números relacionados às diversas formas de violência. Drogas, homicídios, suicídios, acidentes de trânsito e a fome são responsáveis por milhares de mortes todos os dias. “O diálogo familiar é a principal forma de prevenção do envolvimento de crianças e adolescentes com as drogas lícitas e ilícitas”, ressaltou a médica.

A coordenadora do Esperança Viva, irmã Sônia e integrantes do grupo emocionaram os presentes com relatos e testemunhos de pessoas que disseram ‘sim à vida’ e se libertaram da dependência química.

O arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, não pôde participar do lançamento porque estava em Portugal participando do sepultamento do administrador paroquial das Graças, padre João Novais. Dom Fernando foi representado pelo vigário episcopal do Cabo, monsenhor Josivaldo Bezerra, e pelo coordenador de Pastoral da arquidiocese, padre Josenildo Tavares. O cantor Marcelo Brianne, autor da música tema da caminhada, apresentou a canção e proporcionou um momento cultural para os presentes.

Caminhada –A ‘5ª Caminhada Arquidiocesana Sim à Vida’ faz parte da Semana da Vida, realizada de 1º a 7 de outubro, período em que serão feitas, em todo o país, ações que ajudem a valorizar a vida humana em todas as suas etapas. A caminhada será no dia 2 de outubro, a concentração tem início às 8h, na Orla de Boa Viagem.

5ª Caminhada Arquidiocesana “Sim à Vida”
Local:
Orla de Boa Viagem – Recife (em frente ao Castelinho)
Dia: 2 de outubro de 2011
Horário: 9h

Da Assessoria de Comunicação AOR

CARTA AOS CANTORES E COMPOSITORES DA FÉ

Procura-se novos salmistas...

O rei os escolhia, o povo os aceitava e o trabalho era duro. Tinham que se revezar em turnos de serviço, porque havia toda uma catequese de louvor e toda uma doutrina sobre perdão, solidariedade, esperança, fraternidade e compaixão a ser ensinada através de seus instrumentos e vozes. Cantar era coisa séria. Nem todos os que tocavam e cantavam em Israel eram salmistas. Os escolhidos tinham que ter conteúdo. Não bastava ter boa vontade. Tinham que estudar e saber o que faziam. Era um ofício!

O salmo diz que deviam tocar com maestria, com arte e com alegria (Sl 33,3). Nunca se ficava apenas num tema da fé. As canções eram abrangentes. Cantava-se todo o espectro da vida humana. Abordava-se todos os temas da vida. Não era permitido o improviso ou a canção mal executada. E tinha que ter novidade (Sl 96,1; 144,9). Para Deus tinha que ser coisa séria. O povo esperava novidade. Nada de mesmice. Os autores convidavam o povo a cantar cantos novos para não caírem na rotina dos mesmos cantos cantados sempre do mesmo jeito. O salmo 40,3 diz que Deus punha canções novas na boca do cantor. O salmo 66 mandava cantar com alegria e até gritar se fosse o caso. O salmo 9,18 lembrava que os necessitados não seriam esquecidos. Cantava-se o social e o direito dos povos, dos pobres e dos oprimidos (Sl 12,5; 35,10; 37,14; 40,17; 69,33). Havia política na canção religiosa. Ai do cantor que se negasse a cantá-las.

Servem de lição hoje para nós que cantamos. Alguns ficam só no social e isso não basta. Outros só no louvor e isso também não basta. A Igreja manda ir para águas mais profundas. Os cantores também precisam fazer o mesmo. Nem por isso deixavam de cantar os cantos antigos. Sabiam dosar. Quem alega que não sabe compor teologia que pegue um livro e leia. Vai aprender bem depressa a compor canções com conteúdo mais profundo. E é bom que leiam História da Igreja, Sociologia, passagens da Bíblia que celebrem a fraternidade, o perdão, a dor humana, a paz do outro. Farão menos cantos falando de sua própria paz, de eu e meu Deus e muitos mais de Deus e nós ou, nosso povo, nosso Senhor!

Procura-se novos temas...

Os documentos da Igreja são claros. Ela precisa de salmistas e catequistas. E todo salmista deve ser um catequista. Sua canção deve relembrar toda a Bíblia e não apenas um só tema. Se temos 1.000 autores, todos compondo sobre louvor, alguma coisa está errada na catequese que receberam. Nestes últimos 40 anos a Igreja exarou por Roma, pelo Celam ou pela CNBB, mais de 70 documentos sobre catequese, liturgia, problemas do nosso povo. Os papas fizeram mais de 200 discursos sobre as dores do mundo e apareceu em cena Medellín, Puebla, Catequese Renovada, Sacrossantum Concilium, Pacem in Terris, Mater et Magistra, Populorum Progressio, Santo Domingo, João XXIII, Paulo VI, João Paulo II. Todos eles, ensinando verdades profundas sobre o outro, que deve ser salvo pela graça de Deus, mas também pela nossa solidariedade. Não faz sentido nós, salmistas, teimarmos em cantar só o louvor ou só a libertação política, quando os papas não fizeram só isso e quando toda a Igreja caminhou na direção da dor humana.

Então porque os compositores, com raras exceções, só musicaram o louvor ou só a luta social? Por que não os dois riscos da cruz? O horizontal e o vertical?

É porque alguém os direcionou apenas para isso. Seus catequistas esqueceram-se de falar das outras doutrinas e da pregação insistente da Igreja nesses últimos 50 anos sobre a necessidade de louvar e libertar os oprimidos também por leis ou situações injustas. A Igreja precisa de cantores e salmistas que se debrucem também sobre outros temas, senão os salmos do século XXI serão monotemáticos. Ora, os originais tinham quase todos os temas, porque naquele tempo se sofria, se oprimia se morria, se assaltava e se matava. E eles falaram disso e cantaram isso.

Tenho caminhado nessa direção. Tenho gritado onde posso e como posso aos que, como eu, foram escolhidos para salmodiar a vida na Igreja, que sejam mais abrangentes e não afunilem as canções a apenas um só tema. Cantem toda a doutrina da Igreja.

Alguém uma vez perguntou quem eu penso que sou para ficar dando normas aos outros cantores. Respondi que tenho cerca de 40 anos de trabalho neste campo e que penso que isso vale como cartão de apresentação para quem quer ver a Igreja mais rica de arte e de temas. Além disso, estou pensando nos outros. Se pensasse apenas em mim continuaria quieto no meu canto. Acontece que somos catequistas e fazemos a cabeça do povo com o que cantamos. Então, não temos o direito de só cantar um tema quando toda a Igreja está gritando em seus documentos centenas de outros temas de águas profundas.

Não tenho sido muito compreendido e há irmãos que até se magoam. Que pena! Estou apenas mostrando o que a Bíblia pede, a Igreja pede e os tempos pedem. Se nossa canção é um serviço, então façamos como faz o profissional de construção que procura livros que lhe expliquem novos modos e mostre outros conceitos de construção. Que os cantores e autores peguem livros que lhes ensinem novos modos de cantar a fé, já que muitos receberam uma catequese monotemática. Se houve retiros sobre outros temas, não foram...

Cantores e autores, ajudemos a catequese da Igreja. Facilitemos a vida dos bispos, párocos, pregadores e professores de religião. Demos a eles novos subsídios, músicas novas sobre novos temas da fé, músicas jovens, bonitas e cantáveis, com temas do momento, do mundo e da Igreja. Busquem inspiração na Bíblia, no catecismo, nos jornais, nos mercados, nas feiras, no meio do povo e nas revistas. Vocês podem e, se quiserem, irão longe!

Deus não vai deixar de inspirar vocês, até porque tenho a leve impressão de que Ele quer que façamos muito mais do que apenas louvá-lo (Mt 7, 21). Serei ouvido ou serei criticado porque ousei pedir aos cantores que ajudem os catequistas com novos temas baseados nos principais documentos da Igreja? As igrejas serão obrigadas a cantar só louvor por quanto tempo? Os temas: perdão, solidariedade, justiça e paz no mundo, misericórdia, família, drogas, medo, depressão, doença, trabalho, fraternidade, mulher, homem, criança, meninos de rua fazem parte da catequese católica. Onde estão as canções? Não há mais do que três ou quatro escrevendo sobre esses temas! Então, o que está impedindo os cantores da fé e os compositores de ajudar os pregadores dando músicas para esses temas?

Pe. Zezinho, scj (pezscj@uol.com.br)
www.padrezezinhoscj.com - Taubaté-SP



Reunião Gestores Canta PE (set/2011)

Reginaldo Cavalcanti, João Santos, Paulo Deérre e Getúlio Lúcio

Ontem, a equipe gestora do Canta PE se reuniu para avaliação de suas ações e definir as próximas atividades.

Segundo a opinião da maioria dos participantes, o nosso último Encontrão Canta PE foi considerado bom, embora temos plena consciência que temos muito ainda a trabalhar.

Deus tem nos abençoado cada vez mais com novas e boas parcerias e isto nos dá a certeza de que o Canta PE é uma obra dele. O que a equipe gestora, parceiros e filiados precisam manter é a Fé em Jesus Cristo e o desejo de estar sempre juntos e irmanados neste projeto conduzido pelo Espírito Santo e protegido por Nossa Senhora.

Discutimos a respeito da grande carência existente no nosso meio musical tanto no lado espiritual como no artístico, portanto estaremos promovendo em breve algumas parcerias com algumas instituições para realização de encontros de formação nos dois âmbitos citados.

Como meio de incentivar os novos talentos e valorizar os nossos artistas e parceiros, estaremos promovendo no final do ano o Troféu Canta PE 2011 para aqueles que se destacaram na luta pela música católica pernambucana. Uma singela homenagem para os que defendem a nossa fé e a nossa música com coragem, determinação e comprometimento com a obra de Deus.

Queremos informar que estamos cadastrando novas filiações é só entrar em contato com Beth (81) 8887-3724 ou Wênia (81) 8780-4274.

Para suporte espiritual e artístico entrar em contato com Reginaldo (81) 8854-9169 ou João (81) 9444-4748 (Oi).

Para quem deseja desenvolver uma parceria com este projeto entrar em contato com Paulo (81) 8747-1085/9847-7820 ou Getúlio (81) 8870-1794. 

Nosso próximo encontro será dia 6 de novembro às 8hs da manhã no Colégio Santa Emília II, Jd Atlântico, Olinda-PE. 

Deixamos as bençãos de Deus para todos os cantores, músicos, técnicos, parceiros, amigos e apreciadores da música católica. Pedimos a oração de todos para a nossa equipe gestora e nossos parceiros.

Paz e Bem a todos!

Nos recomendamos!!!



Novo projeto do Paulo Deérre


O cantor católico pernambucano Paulo Deérre iniciou hoje o projeto do seu próximo trabalho: CD/DVD Amigos. Esta obra será gravada em 2012 no Recife com a participação de artistas locais e nacionais.

Os compositores interessados em fazer parte deste projeto deve entrar em contato pelos fones (81) 8747-1085/9847-7820 ou por e-mail contato@paulodeerre.com.br.

Isso é Canta PE! Isso é Pernambuco numa só voz!

Carta do Beato João Paulo II aos artistas



A todos aqueles que apaixonadamente procuram novas « epifanias » da beleza
para oferecê-las ao mundo como criação artística.
« Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa » (Gn 1,31).

O artista, imagem de Deus Criador
1. Ninguém melhor do que vós, artistas, construtores geniais de beleza, pode intuir algo daquele pathos com que Deus, na aurora da criação, contemplou a obra das suas mãos. Infinitas vezes se espelhou um relance daquele sentimento no olhar com que vós — como, aliás, os artistas de todos os tempos —, maravilhados com o arcano poder dos sons e das palavras, das cores e das formas, vos pusestes a admirar a obra nascida do vosso gênio artístico, quase sentindo o eco daquele mistério da criação a que Deus, único criador de todas as coisas, de algum modo vos quis associar.

Pareceu-me, por isso, que não havia palavras mais apropriadas do que as do livro do Génesis para começar esta minha Carta para vós, a quem me sinto ligado por experiências dos meus tempos passados e que marcaram indelevelmente a minha vida. Ao escrever-vos, desejo dar continuidade àquele fecundo diálogo da Igreja com os artistas que, em dois mil anos de história, nunca se interrompeu e se prevê ainda rico de futuro no limiar do terceiro milénio.

Na realidade, não se trata de um diálogo ditado apenas por circunstâncias históricas ou motivos utilitários, mas radicado na própria essência tanto da experiência religiosa como da criação artística. A página inicial da Bíblia apresenta-nos Deus quase como o modelo exemplar de toda a pessoa que produz uma obra: no artífice, reflecte-se a sua imagem de Criador. Esta relação é claramente evidenciada na língua polaca, com a semelhança lexical das palavras stwórca (criador) e twórca (artífice).

Qual é a diferença entre « criador » e « artífice »? Quem cria dá o próprio ser, tira algo do nada — ex nihilo sui et subiecti, como se costuma dizer em latim — e isto, em sentido estrito, é um modo de proceder exclusivo do Omnipotente. O artífice, ao contrário, utiliza algo já existente, a que dá forma e significado. Este modo de agir é peculiar do homem enquanto imagem de Deus. Com efeito, depois de ter afirmado que Deus criou o homem e a mulher « à sua imagem » (cf. Gn 1,27), a Bíblia acrescenta que Ele confiou-lhes a tarefa de dominarem a terra (cf. Gn 1,28). Foi no último dia da criação (cf. Gn 1,28-31). Nos dias anteriores, como que marcando o ritmo da evolução cósmica, Javé tinha criado o universo. No final, criou o homem, o fruto mais nobre do seu projecto, a quem submeteu o mundo visível como um campo imenso onde exprimir a sua capacidade inventiva.

Por conseguinte, Deus chamou o homem à existência, dando-lhe a tarefa de ser artífice. Na « criação artística », mais do que em qualquer outra atividade, o homem revela-se como « imagem de Deus », e realiza aquela tarefa, em primeiro lugar plasmando a « matéria » estupenda da sua humanidade e depois exercendo um domínio criativo sobre o universo que o circunda. Com amorosa condescendência, o Artista divino transmite uma centelha da sua sabedoria transcendente ao artista humano, chamando-o a partilhar do seu poder criador. Obviamente é uma participação, que deixa intacta a infinita distância entre o Criador e a criatura, como sublinhava o Cardeal Nicolau Cusano: « A arte criativa, que a alma tem a sorte de albergar, não se identifica com aquela arte por essência que é própria de Deus, mas constitui apenas comunicação e participação dela ».(1)

Por isso, quanto mais consciente está o artista do « dom » que possui, tanto mais se sente impelido a olhar para si mesmo e para a criação inteira com olhos capazes de contemplar e agradecer, elevando a Deus o seu hino de louvor. Só assim é que ele pode compreender-se profundamente a si mesmo e à sua vocação e missão.

A vocação especial do artista

2. Nem todos são chamados a ser artistas, no sentido específico do termo. Mas, segundo a expressão do Génesis, todo o homem recebeu a tarefa de ser artífice da própria vida: de certa forma, deve fazer dela uma obra de arte, uma obra-prima.

É importante notar a distinção entre estas duas vertentes da atividade humana, mas também a sua conexão. A distinção é evidente. De fato, uma coisa é a predisposição pela qual o ser humano é autor dos próprios atos e responsável do seu valor moral, e outra a predisposição pela qual é artista, isto é, sabe agir segundo as exigências da arte, respeitando fielmente as suas regras específicas.(2) Assim, o artista é capaz de produzir objectos, mas isso de per si ainda não indica nada sobre as suas disposições morais. Neste caso, não se trata de plasmar-se a si mesmo, de formar a própria personalidade, mas apenas de fazer frutificar capacidades operativas, dando forma estética às ideias concebidas pela mente.

Mas, se a distinção é fundamental, importante é igualmente a conexão entre as duas predisposições: a moral e a artística. Ambas se condicionam de forma recíproca e profunda. De fato, o artista, quando modela uma obra, exprime-se de tal modo a si mesmo que o resultado constitui um reflexo singular do próprio ser, daquilo que ele é e de como o é. Isto aparece confirmado inúmeras vezes na história da humanidade. De fato, quando o artista plasma uma obra-prima, não dá vida apenas à sua obra, mas, por meio dela, de certo modo manifesta também a própria personalidade. Na arte, encontra uma dimensão nova e um canal estupendo de expressão para o seu crescimento espiritual. Através das obras realizadas, o artista fala e comunica com os outros. Por isso, a História da Arte não é apenas uma história de obras, mas também de homens. As obras de arte falam dos seus autores, dão a conhecer o seu íntimo e revelam o contributo original que eles oferecem à história da cultura.

A vocação artística ao serviço da beleza

3. Um conhecido poeta polaco, Cyprian Norwid, escreveu: « A beleza é para dar entusiasmo ao trabalho, o trabalho para ressurgir ».(3)

O tema da beleza é qualificante, ao falar de arte. Esse tema apareceu já, quando sublinhei o olhar de complacência que Deus lançou sobre a criação. Ao pôr em relevo que tudo o que tinha criado era bom, Deus viu também que era belo.(4) A confrontação entre o bom e o belo gera sugestivas reflexões. Em certo sentido, a beleza é a expressão visível do bem, do mesmo modo que o bem é a condição metafísica da beleza. Justamente o entenderam os Gregos, quando, fundindo os dois conceitos, cunharam uma palavra que abraça a ambos: « kalokagathía », ou seja, « beleza-bondade ». A este respeito, escreve Platão: « A força do Bem refugiou-se na natureza do Belo ».(5)

Vivendo e agindo é que o homem estabelece a sua relação com o ser, a verdade e o bem. O artista vive numa relação peculiar com a beleza. Pode-se dizer, com profunda verdade, que a beleza é a vocação a que o Criador o chamou com o dom do « talento artístico ». E também este é, certamente, um talento que, na linha da parábola evangélica dos talentos (cf. Mt 25,14-30), se deve pôr a render.
Tocamos aqui um ponto essencial. Quem tiver notado em si mesmo esta espécie de centelha divina que é a vocação artística — de poeta, escritor, pintor, escultor, arquitecto, músico, actor... —, adverte ao mesmo tempo a obrigação de não desperdiçar este talento, mas de o desenvolver para colocá-lo ao serviço do próximo e de toda a humanidade.

O artista e o bem comum

4. De fato, a sociedade tem necessidade de artistas, da mesma forma que precisa de cientistas, técnicos, trabalhadores, especialistas, testemunhas da fé, professores, pais e mães, que garantam o crescimento da pessoa e o progresso da comunidade, através daquela forma sublime de arte que é a « arte de educar ». No vasto panorama cultural de cada nação, os artistas têm o seu lugar específico. Precisamente enquanto obedecem ao seu gênio artístico na realização de obras verdadeiramente válidas e belas, não só enriquecem o património cultural da nação e da humanidade inteira, mas prestam também um serviço social qualificado ao bem comum.

A vocação diferente de cada artista, ao mesmo tempo que determina o âmbito do seu serviço, indica também as tarefas que deve assumir, o trabalho duro a que tem de sujeitar-se, a responsabilidade que deve enfrentar. Um artista, consciente de tudo isto, sabe também que deve actuar sem deixar-se dominar pela busca duma glória efémera ou pela ânsia de uma popularidade fácil, e menos ainda pelo cálculo do possível ganho pessoal. Há, portanto, uma ética ou melhor uma « espiritualidade » do serviço artístico, que a seu modo contribui para a vida e o renascimento do povo. A isto mesmo parece querer aludir Cyprian Norwid, quando afirma: « A beleza é para dar entusiasmo ao trabalho, o trabalho para ressurgir ».

A arte face ao mistério do Verbo encarnado

5. A Lei do Antigo Testamento contém uma proibição explícita de representar Deus invisível e inexprimível através duma « estátua esculpida ou fundida » (Dt 27,15), porque Ele transcende qualquer representação material: « Eu sou Aquele que sou » (Ex 3,14). No mistério da Encarnação, porém, o Filho de Deus tornou-Se visível em carne e osso: « Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher » (Gl 4,4). Deus fez-Se homem em Jesus Cristo, que Se tornou assim « o centro de referência para se poder compreender o enigma da existência humana, do mundo criado, e mesmo de Deus ».(6)

Esta manifestação fundamental do « Deus-Mistério » apresenta-se como estímulo e desafio para os cristãos, inclusive no plano da criação artística. E gerou-se um florescimento de beleza, cuja linfa proveio precisamente daqui, do mistério da Encarnação. De fato, quando Se fez homem, o Filho de Deus introduziu na história da humanidade toda a riqueza evangélica da verdade e do bem e, através dela, pôs a descoberto também uma nova dimensão da beleza: a mensagem evangélica está completamente cheia dela.

A Sagrada Escritura tornou-se, assim, uma espécie de « dicionário imenso » (P. Claudel) e de « atlas iconográfico » (M. Chagall), onde foram beber a cultura e a arte cristã. O próprio Antigo Testamento, interpretado à luz do Novo, revelou mananciais inexauríveis de inspiração. Desde as narrações da criação, do pecado, do dilúvio, do ciclo dos Patriarcas, dos acontecimentos do êxodo, passando por tantos outros episódios e personagens da História da Salvação, o texto bíblico atiçou a imaginação de pintores, poetas, músicos, autores de teatro e de cinema. Uma figura como a de Job, só para dar um exemplo, com a problemática pungente e sempre actual da dor, continua a suscitar conjuntamente interesse filosófico, literário e artístico. E que dizer então do Novo Testamento? Desde o Nascimento ao Gólgota, da Transfiguração à Ressurreição, dos milagres aos ensinamentos de Cristo, até chegar aos acontecimentos narrados nos atos dos Apóstolos ou previstos no Apocalipse em chave escatológica, inúmeras vezes a palavra bíblica se fez imagem, música, poesia, evocando com a linguagem da arte o mistério do « Verbo feito carne ».

Tudo isto constitui, na história da cultura, um amplo capítulo de fé e de beleza. Dele tiraram proveito sobretudo os crentes para a sua experiência de oração e de vida. Para muitos deles, em tempos de escassa alfabetização, as expressões figurativas da Bíblia constituíram mesmo um meio concreto de catequização.(7) Mas para todos, crentes ou não, as realizações artísticas inspiradas na Sagrada Escritura permanecem um reflexo do mistério insondável que abraça e habita o mundo.

Entre Evangelho e arte, uma aliança profunda

6. Com efeito, toda a intuição artística autêntica ultrapassa o que os sentidos captam e, penetrando na realidade, esforça-se por interpretar o seu mistério escondido. Ela brota das profundidades da alma humana, lá onde a aspiração de dar um sentido à própria vida se une com a percepção fugaz da beleza e da unidade misteriosa das coisas. Uma experiência partilhada por todos os artistas é a da distância incolmável que existe entre a obra das suas mãos, mesmo quando bem sucedida, e a perfeição fulgurante da beleza vislumbrada no ardor do momento criativo: tudo o que conseguem exprimir naquilo que pintam, modelam, criam, não passa de um pálido reflexo daquele esplendor que brilhou por instantes diante dos olhos do seu espírito.

O crente não se maravilha disto: sabe que se debruçou por um instante sobre aquele abismo de luz que tem a sua fonte originária em Deus. Há porventura motivo para admiração, se o espírito fica de tal modo inebriado que não sabe exprimir-se senão por balbuciações? Ninguém mais do que o verdadeiro artista está pronto a reconhecer a sua limitação e fazer suas as palavras do apóstolo Paulo, segundo o qual Deus « não habita em santuários construídos pela mão do homem », pelo que « não devemos pensar que a Divindade seja semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e engenho do homem » (Act 17,24.29). Se já a realidade íntima das coisas se situa « para além » das capacidades de compreensão humana, quanto mais Deus nas profundezas do seu mistério insondável!

Já de natureza diversa é o conhecimento de fé: este supõe um encontro pessoal com Deus em Jesus Cristo. Mas também este conhecimento pode tirar proveito da intuição artística. Modelo eloquente duma contemplação estética que se sublima na fé são, por exemplo, as obras do Beato Fra Angélico. A este respeito, é igualmente significativa a lauda extasiada, que S. Francisco de Assis repete duas vezes na chartula, redigida depois de ter recebido os estigmas de Cristo no monte Alverne: « Vós sois beleza... Vós sois beleza! ».(8) S. Boaventura comenta: « Contemplava nas coisas belas o Belíssimo e, seguindo o rasto impresso nas criaturas, buscava por todo o lado o Dilecto ».(9)

Uma perspectiva semelhante aparece na espiritualidade oriental, quando Cristo é designado como « o Belíssimo de maior beleza que todos os mortais ».(10) Assim comenta Macário, o Grande, a beleza transfigurante e libertadora que irradia do Ressuscitado: « A alma que foi plenamente iluminada pela beleza inexprimível da glória luminosa do rosto de Cristo, fica cheia do Espírito Santo (...) é toda olhos, toda luz, toda rosto ».(11)

Toda a forma autêntica de arte é, a seu modo, um caminho de acesso à realidade mais profunda do homem e do mundo. E, como tal, constitui um meio muito válido de aproximação ao horizonte da fé, onde a existência humana encontra a sua plena interpretação. Por isso é que a plenitude evangélica da verdade não podia deixar de suscitar, logo desde os primórdios, o interesse dos artistas, sensíveis por natureza a todas as manifestações da beleza íntima da realidade.

Os primórdios

7. A arte, que o cristianismo encontrou nos seus inícios, era o fruto maduro do mundo clássico, exprimia os seus cânones estéticos e, ao mesmo tempo, veiculava os seus valores. A fé impunha aos cristãos, tanto no campo da vida e do pensamento como no da arte, um discernimento que não permitia a aceitação automática deste património. Assim, a arte de inspiração cristã começou em surdina, ditada pela necessidade que os crentes tinham de elaborar sinais para exprimirem, com base na Escritura, os mistérios da fé e simultaneamente de arranjar um « código simbólico » para se reconhecerem e identificarem especialmente nos tempos difíceis das perseguições. Quem não recorda certos símbolos que foram os primeiros vestígios duma arte pictórica e plástica? O peixe, os pães, o pastor... Evocavam o mistério, tornando-se quase insensivelmente esboços de uma arte nova.

Quando, pelo édito de Constantino, foi concedido aos cristãos exprimirem-se com plena liberdade, a arte tornou-se um canal privilegiado de manifestação da fé. Por todo o lado, começaram a despontar majestosas basílicas, nas quais os cânones arquitetônicos do antigo paganismo eram assumidos sim, mas reajustados às exigências do novo culto. Como não recordar pelo menos a antiga Basílica de S. Pedro e a de S. João de Latrão, construídas pelo imperador Constantino? Ou, no âmbito dos esplendores da arte bizantina, a Haghia Sophía de Constantinopla querida por Justiniano?

Enquanto a arquitectura desenhava o espaço sagrado, a necessidade de contemplar o mistério e de o propor de modo imediato aos simples levou progressivamente às primeiras expressões da arte pictórica e escultural. Ao mesmo tempo surgiam os primeiros esboços de uma arte da palavra e do som; e se Agostinho incluía também, entre as temáticas da sua produção, um De musica, Hilário, Ambrósio, Prudêncio, Efrém da Síria, Gregório de Nazianzo, Paulino de Nola, para citar apenas alguns nomes, faziam-se promotores de poesia cristã, que atinge frequentemente um alto valor não só teológico mas também literário. A sua produção poética valorizava formas herdadas dos clássicos, mas bebia na linfa pura do Evangelho, como justamente sentenciava o Santo poeta de Nola: « A nossa única arte é a fé, e Cristo é o nosso canto ».(12) Algum tempo mais tarde, Gregório Magno, com a compilação do Antiphonarium, punha as premissas para o desenvolvimento orgânico daquela música sacra tão original, que ficou conhecida pelo nome dele. Com as suas inspiradas modulações, o Canto Gregoriano tornar-se-á, com o passar dos séculos, a expressão melódica típica da fé da Igreja durante a celebração litúrgica dos Mistérios Sagrados. Assim, o « belo » conjugava-se com o « verdadeiro », para que, também através dos caminhos da arte, os ânimos fossem arrebatados do sensível ao eterno.

Não faltaram momentos difíceis neste caminho. A propósito precisamente do tema da representação do mistério cristão, a antiguidade conheceu uma áspera controvérsia, que passou à história com o nome de « luta iconoclasta ». As imagens sagradas, já então difusas na devoção do povo de Deus, foram objecto de violenta contestação. O Concílio celebrado em Niceia no ano 787, que estabeleceu a legitimidade das imagens e do seu culto, foi um acontecimento histórico não só para a fé mas também para a própria cultura. O argumento decisivo a que recorreram os Bispos para debelar a controvérsia, foi o mistério da Encarnação: se o Filho de Deus entrou no mundo das realidades visíveis, lançando, pela sua humanidade, uma ponte entre o visível e o invisível, é possível pensar que analogamente uma representação do mistério pode ser usada, pela dinâmica própria do sinal, como evocação sensível do mistério. O ícone não é venerado por si mesmo, mas reenvia ao sujeito que representa.(13)

A Idade Média

8. Os séculos seguintes foram testemunhas dum grande desenvolvimento da arte cristã. No Oriente, continuou a florescer a arte dos ícones, vinculada a significativos cânones teológicos e estéticos e apoiada na convicção de que, em determinado sentido, o ícone é um sacramento: com efeito, de modo análogo ao que sucede nos sacramentos, ele torna presente o mistério da Encarnação nalgum dos seus aspectos. Por isso mesmo, a beleza dum ícone pode ser apreciada sobretudo no interior de um templo, com os candelabros que ardem e suscitam na penumbra infinitos reflexos de luz. A este respeito, escreve Pavel Florenskij: « Bárbaro, pesado, fútil à luz clara do dia, o ouro reanima-se com a luz trémula dum candelabro ou duma vela, que o faz cintilar aqui e ali com miríades de fulgores, fazendo pressentir outras luzes não terrestres que enchem o espaço celeste ».(14)

No Ocidente, são muito variadas as perspectivas e os pontos donde partem os artistas, dependendo também das convicções fundamentais presentes no ambiente cultural do respectivo tempo. O património artístico, que se foi acumulando ao longo dos séculos, conta um florescimento vastíssimo de obras sacras de alta inspiração, que deixam cheio de admiração mesmo o observador do nosso tempo. Em primeiro plano, situam-se as grandes construções do culto, onde a funcionalidade sempre se une ao gênio artístico, e este último se deixa inspirar pelo sentido do belo e pela intuição do mistério. Nascem daí estilos bem conhecidos na História da Arte. A força e a simplicidade do românico, expressa nas catedrais ou nas abadias, vai-se desenvolvendo gradualmente nas ogivas e esplendores do gótico. Dentro destas formas, não existe só o gênio dum artista, mas a alma dum povo. Nos jogos de luzes e sombras, nas formas ora massiças ora ogivadas, intervêm certamente considerações de técnica estrutural, mas também tensões próprias da experiência de Deus, mistério « tremendo » e « fascinante ». Como sintetizar em poucos traços, nas diversas expressões da arte, a força criativa dos longos séculos da Idade Média cristã? Uma cultura inteira, embora com as limitações humanas sempre presentes, impregnara-se de Evangelho, e onde o pensamento teológico realizava a Summa de S. Tomás, a arte das igrejas submetia a matéria à adoração do mistério, ao mesmo tempo que um poeta admirável como Dante Alighieri podia compor « o poema sagrado, para o qual concorreram céu e terra »,(15) como ele próprio classifica a Divina Comédia.

Humanismo e Renascimento

9. A feliz estação cultural, em que tem origem o florescimento artístico extraordinário do Humanismo e do Renascimento, apresenta também reflexos significativos do modo como os artistas desse período concebiam o tema religioso. Naturalmente as inspirações são tão variadas como os seus estilos, ou pelo menos como os mais importantes deles. Mas, não é minha intenção lembrar coisas que vós, artistas, bem conheceis. Dado que vos escrevo deste Palácio Apostólico, escrínio de obras-primas talvez único no mundo, quero antes fazer-me voz dos maiores artistas que por aqui disseminaram as riquezas do seu gênio, permeado frequentemente de grande profundidade espiritual. Daqui fala Miguel Ângelo, que na Capela Sistina de algum modo compendiou, desde a Criação ao Juízo Universal, o drama e o mistério do mundo, retratando Deus Pai, Cristo Juiz, o homem no seu fatigante caminho desde as origens até ao fim da História. Daqui fala o gênio delicado e profundo de Rafael, apontando, na variedade das suas pinturas e de modo especial na « Disputa » da Sala da Assinatura, o mistério da revelação de Deus Trinitário, que na Eucaristia Se faz companheiro do homem, e projecta luz sobre as questões e os anelos da inteligência humana. Daqui, da majestosa Basílica dedicada ao Príncipe dos Apóstolos, da colunata que sai dela como dois braços abertos para acolher a humanidade, falam ainda Bramante, Bernini, Borromini, Maderno, para citar apenas os maiores, oferecendo plasticamente o sentido do mistério que faz da Igreja uma comunidade universal, hospitaleira, mãe e companheira de viagem para todo o homem à procura de Deus.

A arte sacra encontrou, neste conjunto extraordinário, uma força expressiva excepcional, atingindo níveis de imorredoiro valor quer estético quer religioso. O que vai caracterizando cada vez mais tal arte, sob o impulso do Humanismo e do Renascimento e das sucessivas tendências da cultura e da ciência, é um crescente interesse pelo homem, pelo mundo, pela realidade histórica. Esta atenção, por si mesma, não é de modo algum um perigo para a fé cristã, centrada sobre o mistério da Encarnação e, portanto, sobre a valorização do homem por parte de Deus. Precisamente os maiores artistas acima mencionados no-lo demonstram. Bastaria pensar no modo como Miguel Ângelo exprime nas suas pinturas e esculturas, a beleza do corpo humano.(16)

Aliás, mesmo no novo clima dos últimos séculos quando parte da sociedade parece indiferente à fé, a arte religiosa não cessou de avançar. A constatação torna-se ainda mais palpável, se da vertente das artes figurativas se passa a considerar o grande desenvolvimento que, neste mesmo período de tempo, teve a música sacra, composta para as necessidades litúrgicas, ou apenas relacionada com temas religiosos. Sem contar tantos artistas que a ela se dedicaram amplamente (como não lembrar Pero Luís de Palestrina, Orlando de Lasso, Tomás Luís de Victoria?), é sabido que muitos dos grandes compositores — de Händel a Bach, de Mozart a Schubert, de Beethoven a Berlioz, de Listz a Verdi — nos ofereceram obras de altíssima inspiração também neste campo.

A caminho dum renovado diálogo

10. Verdade é que, na Idade Moderna, ao lado deste humanismo cristão que continuou a produzir significativas expressões de cultura e de arte, foi-se progressivamente afirmando também uma forma de humanismo caracterizada pela ausência de Deus senão mesmo pela oposição a Ele. Este clima levou por vezes a uma certa separação entre o mundo da arte e o da fé, pelo menos no sentido de menor interesse de muitos artistas pelos temas religiosos.

Mas, vós sabeis que a Igreja continuou a nutrir grande apreço pelo valor da arte enquanto tal. De fato esta, mesmo fora das suas expressões mais tipicamente religiosas, mantém uma afinidade íntima com o mundo da fé, de modo que, até mesmo nas condições de maior separação entre a cultura e a Igreja, é precisamente a arte que continua a constituir uma espécie de ponte que leva à experiência religiosa. Enquanto busca do belo, fruto duma imaginação que voa mais acima do dia-a-dia, a arte é, por sua natureza, uma espécie de apelo ao Mistério. Mesmo quando perscruta as profundezas mais obscuras da alma ou os aspectos mais desconcertantes do mal, o artista torna-se de qualquer modo voz da esperança universal de redenção.
Compreende-se, assim, porque a Igreja está especialmente interessada no diálogo com a arte e quer que se realize na nossa época uma nova aliança com os artistas, como o dizia o meu venerando predecessor Paulo VI no seu discurso veemente aos artistas, durante um encontro especial na Capela Sistina a 7 de Maio de 1964.(17) A Igreja espera dessa colaboração uma renovada « epifania » de beleza para o nosso tempo e respostas adequadas às exigências próprias da comunidade cristã.

No espírito do Concílio Vaticano II

11. O Concílio Vaticano II lançou as bases para uma renovada relação entre a Igreja e a cultura, com reflexos imediatos no mundo da arte. Tal relação é proposta na base da amizade, da abertura e do diálogo. Na Constituição pastoral Gaudium et spes, os Padres Conciliares sublinharam a « grande importância » da literatura e das artes na vida do homem: « Elas procuram dar expressão à natureza do homem, aos seus problemas e à experiência das suas tentativas para conhecer-se e aperfeiçoar-se a si mesmo e ao mundo; e tentam identificar a sua situação na história e no universo, dar a conhecer as suas misérias e alegrias, necessidades e energias, e desvendar um futuro melhor ».(18)

Baseados nisto, os Padres, no final do Concílio, dirigiram aos artistas uma saudação e um apelo, nestes termos: « O mundo em que vivemos tem necessidade de beleza para não cair no desespero. A beleza, como a verdade, é a que traz alegria ao coração dos homens, é este fruto precioso que resiste ao passar do tempo, que une as gerações e as faz comungar na admiração ».(19) Neste mesmo espírito de profunda estima pela beleza, a Constituição sobre a sagrada liturgia Sacrosanctum Concilium lembrou a histórica amizade da Igreja pela arte e, falando mais especificamente da arte sacra, « vértice » da arte religiosa, não hesitou em considerar como « nobre ministério » a atividade dos artistas, quando as suas obras são capazes de reflectir de algum modo a beleza infinita de Deus e orientar para Ele a mente dos homens.(20) Também através do seu contributo, « o conhecimento de Deus é mais perfeitamente manifestado e a pregação evangélica torna-se mais compreensível ao espírito dos homens ».(21) À luz disto, não surpreende a afirmação do Padre Marie-Dominique Chenu, segundo o qual o historiador da Teologia deixaria a sua obra incompleta, se não dedicasse a devida atenção às realizações artísticas, quer literárias quer plásticas, que a seu modo constituem « não só ilustrações estéticas, mas verdadeiros “lugares” teológicos ».(22)

A Igreja precisa da arte

12. Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte. De fato, deve tornar perceptível e até o mais fascinante possível o mundo do espírito, do invisível, de Deus. Por isso, tem de transpor para fórmulas significativas aquilo que, em si mesmo, é inefável. Ora, a arte possui uma capacidade muito própria de captar os diversos aspectos da mensagem, traduzindo-os em cores, formas, sons que estimulam a intuição de quem os vê e ouve. E isto, sem privar a própria mensagem do seu valor transcendente e do seu halo de mistério.

A Igreja precisa particularmente de quem saiba realizar tudo isto no plano literário e figurativo, trabalhando com as infinitas possibilidades das imagens e suas valências simbólicas. O próprio Cristo utilizou amplamente as imagens na sua pregação, em plena coerência, aliás, com a opção que, pela Encarnação, fizera d'Ele mesmo o ícone do Deus invisível.

A Igreja tem igualmente necessidade dos músicos. Quantas composições sacras foram elaboradas, ao longo dos séculos, por pessoas profundamente imbuídas pelo sentido do mistério! Crentes sem número alimentaram a sua fé com as melodias nascidas do coração de outros crentes, que se tornaram parte da Liturgia ou pelo menos uma ajuda muito válida para a sua decorosa realização. No cântico, a fé é sentida como uma exuberância de alegria, de amor, de segura esperança da intervenção salvífica de Deus.

A Igreja precisa de arquitetos, porque tem necessidade de espaços onde congregar o povo cristão e celebrar os mistérios da salvação. Depois das terríveis destruições da última guerra mundial e com o crescimento das cidades, uma nova geração de arquitetos se amalgamou com as exigências do culto cristão, confirmando a capacidade de inspiração que possui o tema religioso relativamente também aos critérios arquitetônicos do nosso tempo. De fato, não raro se construíram templos, que são simultaneamente lugares de oração e autênticas obras de arte.

A arte precisa da Igreja?

13. Portanto, a Igreja tem necessidade da arte. Pode-se dizer também que a arte precisa da Igreja? A pergunta pode parecer provocatória. Mas, se for compreendida no seu reto sentido, obedece a uma motivação legítima e profunda. Na realidade, o artista vive sempre à procura do sentido mais íntimo das coisas; toda a sua preocupação é conseguir exprimir o mundo do inefável. Como não ver então a grande fonte de inspiração que pode ser, para ele, esta espécie de pátria da alma que é a religião? Não é porventura no âmbito religioso que se colocam as questões pessoais mais importantes e se procuram as respostas existenciais definitivas?

De fato, o tema religioso é dos mais tratados pelos artistas de cada época. A Igreja tem feito sempre apelo às suas capacidades criativas, para interpretar a mensagem evangélica e a sua aplicação à vida concreta da comunidade cristã. Esta colaboração tem sido fonte de mútuo enriquecimento espiritual. Em última instância, dela tirou vantagem a compreensão do homem, da sua imagem autêntica, da sua verdade. Sobressaiu também o laço peculiar que existe entre a arte e a revelação cristã. Isto não quer dizer que o gênio humano não tenha encontrado estímulos também noutros contextos religiosos; basta recordar a arte antiga, sobretudo grega e romana, e a arte ainda florescente das vetustas civilizações do Oriente. A verdade é que o cristianismo, em virtude do dogma central da encarnação do Verbo de Deus, oferece ao artista um horizonte particularmente rico de motivos de inspiração. Que grande empobrecimento seria para a arte o abandono desse manancial inexaurível que é o Evangelho!

Apelo aos artistas

14. Com esta Carta dirijo-me a vós, artistas do mundo inteiro, para vos confirmar a minha estima e contribuir para o restabelecimento duma cooperação mais profícua entre a arte e a Igreja. Convido-vos a descobrir a profundeza da dimensão espiritual e religiosa que sempre caracterizou a arte nas suas formas expressivas mais nobres. Nesta perspectiva, faço-vos um apelo a vós, artistas da palavra escrita e oral, do teatro e da música, das artes plásticas e das mais modernas tecnologias de comunicação. Este apelo dirijo-o de modo especial a vós, artistas cristãos: a cada um queria recordar que a aliança que sempre vigorou entre Evangelho e arte, independentemente das exigências funcionais, implica o convite a penetrar, pela intuição criativa, no mistério de Deus encarnado e contemporaneamente no mistério do homem.

Cada ser humano é, de certo modo, um desconhecido para si mesmo. Jesus Cristo não Se limita a manifestar Deus, mas « revela o homem a si mesmo ».(23) Em Cristo, Deus reconciliou consigo o mundo. Todos os crentes são chamados a dar testemunho disto; mas compete a vós, homens e mulheres que dedicastes a vossa vida à arte, afirmar com a riqueza da vossa genialidade que, em Cristo, o mundo está redimido: está redimido o homem, está redimido o corpo humano, está redimida a criação inteira, da qual S. Paulo escreveu que « aguarda ansiosa a revelação dos filhos de Deus » (Rm 8,19). Aguarda a revelação dos filhos de Deus, também através da arte e na arte. Esta é a vossa tarefa. Em contato com as obras de arte, a humanidade de todos os tempos — também a de hoje — espera ser iluminada acerca do próprio caminho e destino.

Espírito Criador e inspiração artística

15. Na Igreja, ressoa muitas vezes esta invocação ao Espírito Santo: Veni, Creator Spiritus..., « Vinde, Espírito Criador, as nossas mentes visitai, enchei da vossa graça os corações que criastes ».(24)
Ao Espírito Santo, « o Sopro » (ruah), acena já o livro do Génesis: « A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo, e o Espírito de Deus movia-Se sobre a superfície das águas » (1,2). Existe grande afinidade lexical entre « sopro — expiração » e « inspiração ». O Espírito é o misterioso artista do universo. Na perspectiva do terceiro milénio, faço votos de que todos os artistas possam receber em abundância o dom daquelas inspirações criativas donde tem início toda a autêntica obra de arte.

Queridos artistas, como bem sabeis, são muitos os estímulos, interiores e exteriores, que podem inspirar o vosso talento. Toda a autêntica inspiração, porém, encerra em si qualquer frémito daquele « sopro » com que o Espírito Criador permeava, já desde o início, a obra da criação. Presidindo às misteriosas leis que governam o universo, o sopro divino do Espírito Criador vem ao encontro do gênio do homem e estimula a sua capacidade criativa. Abençoa-o com uma espécie de iluminação interior, que junta a indicação do bem à do belo, e acorda nele as energias da mente e do coração, tornando-o apto para conceber a ideia e dar-lhe forma na obra de arte. Fala-se então justamente, embora de forma analógica, de « momentos de graça », porque o ser humano tem a possibilidade de fazer uma certa experiência do Absoluto que o transcende.

A « Beleza » que salva

16. Já no limiar do terceiro milénio, desejo a todos vós, artistas caríssimos, que sejais abençoados, com particular intensidade, por essas inspirações criativas. A beleza, que transmitireis às gerações futuras, seja tal que avive nelas o assombro. Diante da sacralidade da vida e do ser humano, diante das maravilhas do universo, o assombro é a única atitude condigna.

De tal assombro poderá brotar aquele entusiasmo de que fala Norwid na poesia, a que me referi ao início. Os homens de hoje e de amanhã têm necessidade deste entusiasmo, para enfrentar e vencer os desafios cruciais que se prefiguram no horizonte. Com tal entusiasmo, a humanidade poderá, depois de cada extravio, levantar-se de novo e retomar o seu caminho. Precisamente neste sentido foi dito, com profunda intuição, que « a beleza salvará o mundo ».(25)

A beleza é chave do mistério e apelo ao transcendente. É convite a saborear a vida e a sonhar o futuro. Por isso, a beleza das coisas criadas não pode saciar, e suscita aquela arcana saudade de Deus que um enamorado do belo, como S. Agostinho, soube interpretar com expressões incomparáveis: « Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! ».(26)

Que as vossas múltiplas sendas, artistas do mundo, possam conduzir todas àquele Oceano infinito de beleza, onde o assombro se converte em admiração, inebriamento, alegria inexprimível.
Sirva-vos de guia e inspiração o mistério de Cristo ressuscitado, em cuja contemplação se alegra a Igreja nestes dias.

Acompanhe-vos a Virgem Santa, a « toda bela », cuja efígie inumeráveis artistas delinearam e o grande Dante contempla nos esplendores do Paraíso como « beleza, que alegria era dos olhos de todos os outros santos ».(27)

« Eleva-se do caos o mundo do espírito »! A partir destas palavras, que Adam Mickiewicz escrevera numa hora de grande aflição para a pátria polaca,(28) formulo um voto para vós: que a vossa arte contribua para a consolidação duma beleza autêntica que, como revérbero do Espírito de Deus, transfigure a matéria, abrindo os ânimos ao sentido do eterno!

Com os meus votos mais cordiais!

Vaticano, 04 de abril de 1999, Solenidade da Páscoa da Ressurreição.